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Por que é urgente repensar a aprendizagem nas empresas

Educação corporativa precisa voltar a colocar o aprendiz no centro, conectar teoria à prática e usar a tecnologia de forma estratégica para preparar profissionais para um mundo em constante transformação

No ambiente empresarial contemporâneo, marcado por metas agressivas e ritmos acelerados, a educação corporativa corre o risco de se distanciar de sua essência: formar pessoas que aprendem continuamente e conseguem aplicar e contextualizar o que aprendem. Durante anos, prevaleceu um modelo transacional, focado na transmissão de conteúdo ou no treinamento em ferramentas, como se o aprendizado fosse um processo mecânico e controlável. Nesse movimento, muitas organizações deixaram de olhar para o aprendiz — o profissional que busca se desenvolver e construir uma carreira mais consciente. O ponto é que, em meio a transformações intensas, não haverá futuro para os negócios sem aprendizes autônomos e conscientes. Por isso, é urgente retomar a dimensão humana do aprendizado.

As expectativas são claras. Os profissionais precisam que cada ação formativa venha acompanhada de condições reais de aplicação, seja para fazer algo diferente ou para interpretar o contexto de forma mais consistente. As ações formativas são o início do aprendizado, e não o seu fim. De pouco adianta estimular a experimentação sem oferecer ferramentas, autonomia e espaço para a prática. Essa lacuna entre teoria e execução esvazia o propósito da aprendizagem. O estudo “O Olhar do Aprendiz”, da Newnew, que analisa os desafios da aprendizagem nas empresas em 2025, evidencia esse descompasso: embora 57% dos profissionais se declarem motivados a aprender, 60% afirmam não conseguir aplicar no dia a dia aquilo que aprendem. O desafio é superar a separação entre aprender, fazer e contextualizar, entendendo que uma formação só se consolida quando dialoga diretamente com o trabalho.

Ao mesmo tempo, cresce a demanda por uma aprendizagem conectada ao mundo. Os profissionais não querem uma educação corporativa “ensimesmada”, restrita ao olhar interno da empresa. Buscam compreender como o conhecimento se articula com transformações sociais, tecnológicas e culturais. Para ser relevante, a área precisa ampliar proativamente repertórios, fortalecer a visão crítica e situar o indivíduo no tempo em que vive.

Rever crenças antigas também faz parte do caminho. Ainda há organizações obcecadas por indicadores que não medem aprendizagem real, e mitos persistem, como o dos “estilos de aprendizagem”, sem respaldo científico. Soma-se a isso a confusão entre personalização e individualização algorítmica, que aparenta ser customizada, mas entrega soluções padronizadas. O caminho mais consistente é o das jornadas personalizáveis: trilhas com intencionalidade clara, mas flexíveis o suficiente para que cada adulto se reconheça no processo. Habilitar alguém a aprender melhor é ampliar sua autonomia e capacidade de escolha.

Outro aspecto relevante da educação corporativa é ter clareza de que o aprendizado é uma responsabilidade compartilhada. Em última instância, a disponibilidade para aprender é o que faz a diferença. No entanto, a mentalidade de “esperar ser ensinado” ainda é muito arraigada, reflexo de um sistema educacional tradicional. Por isso, cabe à educação corporativa desenvolver adultos que aprendam a aprender — aptos a experimentar, errar, repetir e atribuir sentido de forma intencional. Nesse contexto, a meta-aprendizagem e a metacognição nunca foram tão importantes. Tornar o aprendizado consciente, visível, compartilhado e concreto contribui, ainda, para transformar experiências individuais em conhecimento coletivo. São conceitos das ciências da aprendizagem que as áreas de educação corporativa precisam conhecer e saber aplicar.

Nesse cenário, agentes de inteligência artificial despontam como aliados importantes. Eles não substituem o fator humano na educação, mas ampliam seu alcance ao oferecer feedback individualizado, conectar tarefas reais ao desenvolvimento e abrir espaço para metodologias mais dinâmicas e integradas à rotina profissional. Ainda assim, tudo isso precisa estar inserido em uma estratégia clara. É preciso cautela com a curiosidade tecnológica: o “usar por usar” tende apenas a gerar mais eficiência e escala em modelos que já não são eficazes, como o simples aumento da produção e da publicação de conteúdo.

Em síntese, a educação corporativa só alcança relevância quando conecta o aprender ao fazer e ao contextualizar, respeita o aprendiz, garante condições para a prática e reconhece que formar pessoas é tão estratégico quanto gerar resultados. Antes de transformar o negócio, toda aprendizagem genuína transforma quem aprende.

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Atualizado em: 17/12/2025 11:00